Questão 01 sobre os Elementos da Prosa: (UERJ–2011) Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a 03.
Múltiplo sorriso Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com mais vagar. Na luz do fm da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um pouco distorcido, é verdade – mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. “Eu não estou só.” SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.
Ao dizer que o pinheiro era artificial, “mas parecia de verdade”, a narrativa realça um estado que define a personagem. Isto ajuda o leitor a compreender o fingimento da personagem em relação à:
A) existência de suas amigas. B) consciência de sua beleza. C) presença de várias pessoas. D) exposição de alguma intimidade.
Questão 02. Há um contraste irônico entre o título do conto e o seu desenvolvimento. As ideias essenciais desse contraste são:
A) alegria – isolamento. B) admiração – distorção. C) ornamentação – inutilidade. D) multiplicidade – contemplação.
Questão 03 sobre os Elementos da Prosa: “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. O trecho anterior revela o choque entre o mundo imaginário da personagem e a realidade de sua solidão.
Esse choque entre imaginação e realidade é enfatizado pela utilização do seguinte recurso de linguagem: A) O uso das aspas duplas B) O emprego dos modos verbais C) A presença da forma interrogativa D) A referência à proximidade espacial
Questão 04. (Unimontes-MG–2009) Leia os fragmentos dos textos.
Texto I “Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Veredado-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num covão em trechos de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o Tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha.” ROSA, 1984. p. 13.
Texto II “Um dos sonhos da minha vida era ter em casa uma piscina. Tinha aprendido a nadar, já havia disputado mesmo uma competição na piscina do Minas Tênis Clube, categoria de petiz, pretendia me tornar campeão, nadando no mínimo tão bem como Tarzã.” SABINO, 2008. p. 44.
Faça uma leitura comparativa dos fragmentos de textos retirados das narrativas “Campo geral”, de Guimarães Rosa, e O menino no espelho, de Fernando Sabino, e assinale a alternativa que está INCORRETA:
A) O texto I apresenta o personagem Miguilim como narrador da história que descreve o espaço onde vive, o Mutum.
B) No texto I, o narrador-observador conta a história de Miguilim, menino que tem oito anos e vive no meio dos Campos Gerais.
C) Os textos I e II apresentam relatos sobre a vida de dois meninos, mas que vivem em espaços geográficos diferentes.
D) No texto II, tem-se um narrador-personagem que apresenta um grande sonho de sua vida, que era ter uma piscina em casa.
Questão 05 sobre os Elementos da Prosa: (PUC Minas–2006)
Duas mulheres conversando: – Graças a mim, o meu marido ficou milionário! – Ué! – estranhou a outra. – Quando vocês se casaram ele já não era milionário? – Não, quando nos casamos ele era multimilionário! POSSENTI, Sírio. Os humores da língua. Agenda 2003. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
Considere a reformulação do texto em exame, desenvolvida a partir da transformação do discurso direto em indireto, e as análises propostas.
Duas mulheres conversavam. Uma delas, com certa vaidade, disse que graças a ela o marido ficara milionário. A outra, demonstrando um estranhamento, perguntou se ele já não era milionário antes do casamento. A resposta que ela obteve foi a de que o marido era multimilionário quando se casaram.
Todas as afirmativas são corretas, EXCETO: A) No discurso indireto, a fala das personagens é reproduzida pelo narrador, que pode orientar determinadas interpretações do leitor a partir da seleção de recursos linguísticos, por meio dos quais se deixa revelar um posicionamento desse narrador.
B) No discurso indireto, utilizam-se como recurso linguístico verbos de elocução, cuja função é não só introduzir a fala das personagens, mas também descrever a sua ação de interlocução no diálogo.
C) A transformação do discurso direto em indireto, no texto em exame, não compromete a construção de sentidos pelo leitor, mas acentua a carga de humor da piada, uma das propriedades desse gênero.
D) Na transformação do discurso direto para o indireto, altera-se o ritmo do texto, uma vez que ocorrem mudanças na extensão das frases e no emprego da pontuação.
Questão 06. (PUC Minas) Leia o comentário do crítico Alfredo Bosi sobre o processo de construção de personagens em Monteiro Lobato: Lobato concentrava-se no retrato físico, na busca dos defeitos do corpo ou dos aspectos risíveis do comportamento e do caráter.
Em todas as alternativas, os trechos, descrevendo personagens dos contos de Urupês, confirmam o comentário do crítico, EXCETO: A) “Era este Biriba um caranguejo humano, lerdo de maneiras e atolambado de ideias, com dois percalços tremendos na vida – a política e o topete. […]”
B) “Cristina era um ramalhete completo das graças que os dezoito anos sabem compor. […] Lábios de pitanga, a magnólia da pele acesa em rosas nas faces, olhos sombrios como a noite, dentes de pérola […]”
C) “[…] o Teixeirinha Maneta era um carapina ruim inteirado, dos que vivem de biscates e remendos, […] maneta e, inda por cima, cego duma vista.”
D) “[Bocatorta] não tinha beiços, e as gengivas largas, violáceas, com raros cotos de dentes bestiais fincados às tontas, mostravam-se cruas, como enorme chaga viva.”
Questão 07 sobre os Elementos da Prosa: (UFRGS)
Assinale a alternativa que transcreve ADEQUADAMENTE a fala do interlocutor de Hagar no primeiro quadro da tira. A) O interlocutor disse a Hagar que o senhor tinha cometido um erro de gramática. B) O interlocutor afirmou que Hagar cometera um erro de gramática. C) O interlocutor disse a Hagar que tinha cometido um erro de gramática. D) O interlocutor afirmou que Hagar cometia um erro de gramática. E) O interlocutor disse que o senhor cometeu um erro de gramática.
Questão 08 sobre os Elementos da Prosa: (Cesgranrio) O menino que amava passarinho O tempo está sempre pousado no ombro da gente, feito uma ave sem sombra, sem garras, sem ruídos. E a gente só percebe realmente que ele passou, quando esbarra em algum espelho, ou quando alguém muito próximo voa para longe. É, mas tem lonjura que aproxima as pessoas e tem proximidade que afugenta. A dor, a presença e a ausência variam de pele para pele. Os vazios de Bartolomeu Campos de Queirós, por exemplo, completam a vida dele e enchem a gente de beleza. Se é que alguém fica enchido de beleza. Aliás, o próprio Bartolomeu disse uma vez: “Não escrevo o que sou. Eu escrevo o que me falta”. Mas no seu novo livro, Até passarinho passa, não falta nada. Pelo contrário, sobra encantamento para falar sobre uma saudade boa e doída. …………………………………………………………………. Bartolomeu Campos de Queirós se apossa da gente, e de uma infância que já passou, mas que continua descalça na memória, cheia de paisagens aquecidas, mistérios vagarosos, suposições, impossibilidades, deslumbramentos. Márcio Vassallo
O texto apresenta as seguintes ideias: • o sentido de tempo e espaço torna-se relativo no imaginário; • o tempo transforma a realidade; • o sentimento é capaz de presentificar o tempo e o espaço.
Marque a alternativa em que, relacionando as três ideias num único período, são mantidas as relações de sentido que o texto apresenta. A) Embora o tempo transforme a realidade, o sentido de tempo e espaço, no imaginário, torna-se relativo, pois o sentimento é capaz de presentificá-los.
B) O sentimento é capaz de presentificar o tempo e o espaço, pois o sentido de tempo e espaço se torna relativo à medida que o tempo transforma a realidade.
C) O tempo transforma a realidade, à proporção que o sentido de tempo e espaço se torna relativo no imaginário; logo, o sentimento é capaz de presentificá-los.
D) Como o sentimento é capaz de presentificar o tempo e o espaço, seu sentido torna-se relativo no imaginário, já que o tempo transforma a realidade.
E) O tempo transforma a realidade porque, no imaginário, o sentido de tempo e espaço se torna relativo; assim, o sentimento é capaz de presentificá-los.
Questão 09 sobre os Elementos da Prosa: (CEFET-MG–2010)
Eu era mudo e só Ela sorriu e eu sorrio também ao vê-la consertar quase imperceptivelmente a posição das mãos. Agora o livro parece flutuar entre seus dedos tipo Gioconda. Acendo um cigarro. Tia Vicentina dizia sempre que eu era muito esquisito. “Ou esse seu filho é meio louco, mana, ou então…” Não tinha coragem de completar a frase, só ficava me olhando, sinceramente preocupada com meu destino. Penso agora como ela ficaria espantada se me visse aqui nesta sala que mais parece a página de uma dessas revistas da arte de decorar, bem-vestido, bem-barbeado e bem-casado, solidamente casado com uma mulher divina-maravilhosa, quando borda, o trabalho parece sair das mãos de uma freira e quando cozinha!… Verlaine em sua boca é aquela pronúncia, a voz impostada, uma voz rara. E se tem filho então, tia Vicentina? A criança nasce uma dessas coisas, entende? Tudo tão harmonioso, tão perfeito. “Que gênero de poesia a senhora prefere?”, perguntou o repórter à poetisa peituda e a poetisa peituda revirou os olhos, “O senhor sabe, existe a poesia realista e a poesia sublime.
Eu prefiro a sublime!”. Pois aí está, tia Vicentina. – Sublime. – Você falou, meu bem? – perguntou Fernanda sem desviar os olhos do livro. – Acho que gostaria de sair um pouco. – Para ir onde? – “Tomar um chope”, eu estive a ponto de dizer. Mas a pergunta de Fernanda já tinha rasgado minha vontade.” TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. São Paulo: Cia das Letras, 2009, p. 145-146.
Analise as seguintes afirmativas sobre recursos de composição usados no texto. I. “Você falou, meu bem? – perguntou Fernanda sem desviar os olhos do livro.” – inserção do conto no gênero dramático.
II. “Penso agora como ela ficaria espantada se me visse aqui nesta sala que mais parece a página de uma dessas revistas da arte […]” – emprego de metalinguagem.
III. “Não tinha coragem de completar a frase, só ficava me olhando, sinceramente preocupada com meu destino.” – presença de narrador-personagem.
IV. “Mas a pergunta de Fernanda já tinha rasgado minha vontade.” – utilização de linguagem conotativa.
V. “Tia Vicentina dizia sempre que eu era muito esquisito.” – ocorrência de discurso indireto.
Estão CORRETOS apenas os itens A) I, II e III. B) I, II e V. C) I, III e IV. D) II, IV e V. E) III, IV e V.
Questão 10 sobre os Elementos da Prosa: (Enem–2006) Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé aboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado. Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé… E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada: – Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta… Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois do armoço num far-má… mais despois da janta?!” PIRES, Cornélio. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador: A) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
B) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa usos próprios da linguagem regional das personagens.
C) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as refeições.
D) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para demonstrar seu desrespeito às populações das zonas rurais do início do século XX.
E) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros próprios da região.
Doutorando em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Mestre em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Biologia e Química – FAEL
Licenciado em Ciências Biologias – IFMT/Campus Juína