Questão 01 sobre Regência Nominal e Crase: (UFPA–2006)
Fanatismo, fanatismos
Fanático por caipirinha. Fanático por samba. Fanático por viagens. Há fanáticos para tudo. Ou melhor, há fanáticos e fanáticos. O problema é que, por ser empregada tão à vontade (aliás, como tantas outras), a palavra “fanatismo” banalizou-se, perdendo em força e conteúdo. Entretanto, parece óbvio que um “fanático por novela” é algo bem diferente (e bem menos perigoso) que um “nazista fanático”.
Fanático é um termo cunhado no século XVIII para denominar pessoas que seriam partidárias extremistas, exaltadas e acríticas de uma causa religiosa ou política.O grande perigo do fanático consiste exatamente na certeza absoluta e incontestável que ele tem a respeito de suas verdades. Detentor de uma verdade supostamente revelada especialmente para ele pelo seu deus (portanto não uma verdade qualquer, mas A Verdade), o fanático não tem como aceitar discussões ou questionamentos racionais com relação àquilo que apresenta como sendo seu conhecimento: a origem divina de1 suas certezas não permite que argumentos apresentados por simples mortais se contraponham a elas: afinal, como colocar, lado a lado, dogmas divinos e argumentos humanos?
Pode-se argumentar que as palavras de2 Hitler ou as de Mao mobilizaram fanáticos tão convictos como os religiosos e não tinham origem divina. Ora, de certa forma, eles eram cultuados como deuses e suas palavras não podiam ser objeto de3 contestação, do mesmo modo que ocorre com qualquer conhecimento de4 origem dogmática. É condição do fanático a irracionalidade. Veja-se o que aconteceu com o povo alemão, por exemplo. Acreditar que o mais imbecil dos “arianos puros” pudesse ser superior a Einstein, como pregava a cartilha hitlerista, não decorre de5 uma apreensão racional da realidade, mas de uma verdade revelada pela propaganda nazista. Aceitar e agir como se grandes cientistas e intelectuais, só pelo fato de terem origem judaica, pudessem pertencer a uma suposta raça inferior não é, decididamente, uma abordagem racional e sim uma verdade revelada, da mesma categoria, portanto, das verdades religiosas. Um dogma da fé.
[…]
O assunto é preocupante. Qualquer pessoa de bom senso sabe que o fanatismo já provocou muito estrago. É mais que hora de ser identificado, compreendido, combatido. Para tanto, é preciso saber reconhecê-lo em suas diversas manifestações. Saber até onde foi para ter uma ideia de até onde poderá ir, se não for detido.
Ou ter o seu conceito definitivamente transformado, num mundo menos louco. Que tal fanático por livros? Ou fanático por chocolate? E, que Mozart nos perdoe, fanático por Beethoven?
PINSKY, Carla; PINSKY, Jaime. In: DISCINI, Norma. Comunicação nos textos. 2005.
O único trecho em que a preposição de não estabelece uma relação de regência nominal é:
A) “[…] a origem divina de suas certezas não permite que […]” (ref. 1)
B) “Pode-se argumentar que as palavras de Hitler ou as de Mao […]” (ref. 2)
C) “[…] e suas palavras não podiam ser objeto de contestação, […]” (ref. 3)
D) “[…] do mesmo modo que ocorre com qualquer conhecimento de origem dogmática […]” (ref. 4)
E) “[…] não decorre de uma apreensão racional da realidade, […]” (ref. 5)
Questão 02. (FGV-SP) Escolha a alternativa que preencha CORRETAMENTE as lacunas a seguir.
1. Nunca vi um acidente igual ________.
2. Sempre vou __________ loja para comprar roupas.
3. ___________ hora, eu estava viajando para o Rio de Janeiro.
4. Na audiência, diga a verdade, mas limite-se ________ que lhe perguntarem.
5. Quero uma moto igual ___________ que estava ___________ venda na exposição.
A) àquele, àquela, àquela, àquilo, à, à
B) aquele, aquela, aquela, aquilo, a, a
C) àquele, aquela, àquela, àquilo, a, à
D) aquele, àquela, aquela, àquilo, à, a
E) aquele, àquela, àquela, aquilo, a, à
Questão 03 sobre Regência Nominal e Crase: (FJP-MG–2007) “[…] como saberei se ela é adequada à situação do outro […]”? É CORRETO afirmar que o acento colocado sobre a palavra assinalada nessa frase:
A) identifica um pronome oblíquo feminino.
B) indica um monossílabo tônico.
C) representa a junção de dois sons iguais.
D) sinaliza um artigo definido feminino.
Questão 04. (Mackenzie-SP) Assinale a alternativa que apresenta um desvio no domínio da regência.
A) Estava ansiosa para saber se podia gerar filhos.
B) Ela precisava domar os caprichos, dirigir suas forças para se sentir apta àquela situação conjugal.
C) Bernardo moera com alegria um punhado de milho no salão contíguo à cozinha.
D) Ávido de esperanças, abandonou seu abrigo e lançou-lhe entre os perseguidores.
E) Com o espírito ambicioso de verdades, aplacou a ira daquele momento.
Questão 05 sobre Regência Nominal e Crase: (PUC RS)
Vamos admitir que o estudante se encontre diante da “página em branco”, de lápis e papel em punho, a esperar que as ideias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade. É um momento de transe _______ estão sujeitos todos os que ainda não adquiriram o desembaraço natural advindo da prática diuturna de escrever (transe e aflição traduzidos em mordiscar a ponta do lápis). O assunto sobre o qual se propõe a escrever é vago, não depende de pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências. E agora?
Vejamos como resolver isso, mediante a sábia lição do Professor Júlio Nogueira: “O assunto é um desses temas abstratos, que nos parecem áridos, avaros de ideias: a amizade, por exemplo”.
Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formando períodos sobre períodos, se as ideias nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que nos pareça digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Antes de tudo, se nosso estado de espírito é de perplexidade, se nos domina essa preocupação pungente, esse desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o que devemos fazer é não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel, devemos refletir, devemos nos concentrar. Uma quarta parte do tempo _________ dispomos deve ser destinada a metodizar o assunto, a dividi-lo nos pontos que comporta.
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1996, p. 340. (Adaptação).
As palavras que completam CORRETAMENTE as lacunas do texto, na ordem em que se encontram, são:
A) em que / de que.
B) a que / de que.
C) ao qual / o qual.
D) no qual / do qual.
E) a que / que.
Instrução: Leia o texto para resolver as questões 06 e 07 sobre Regência Nominal e Crase.
“Gracias a la Vida” e a Vocês
Se quem escreve o faz para um outro, o outro está sempre presente quando escrevemos. Trata-se, pois, de um exercício solitário na aparência, mas que nos põe em contato virtual com todos os possíveis leitores. Quando apagamos, quando corrigimos, nós o fazemos para o severo leitor, eu ou você.
No meio deste mundo aparentemente superpovoado, aumenta sempre o número dos que se ressentem do anonimato, da solidão, da falta de tempo para si. É contra isso tudo que cada vez mais escrevemos na luta que travamos contra essa existência e esse isolamento que a multidão nos impõe. Quanto mais nossa existência ocorre na solidão de minúsculas ilhas desertas, imaginárias, mais escrevemos para manter a comunicação com os outros.
Nas celas solitárias dos mais severos presídios, encontramos recados raspados a unha. Náufragos hasteiam bandeiras. Grandes homens e mulheres perscrutam suas especificidades e escrevem autobiografias.
Quando o “engenho e arte” de cada um não dá conta, paga-se para que alguém escreva.
Nas livrarias, estantes de biografas ocupam cada vez mais espaço. Proliferam cursos de redação. Quanto menos dizem que lemos, mais livros são publicados. Nas feiras de livros, vagamos por quilômetros de livros expostos.
Cada livro é uma porta aberta, uma janela escancarada por onde alguém fala ao mundo – que pode ser uma pessoa, um grupo, uma tribo, uma nação – e, se muito talento houver, talvez fale a todo mundo e a todo o futuro. Deixar escrito é uma esperança lançada na direção da imortalidade. Os que escrevem e são escolhidos entram na academia, não é? Os acadêmicos tornam-se imortais. Dizem.
Nas mitologias ocidentais, depois da morte, o destino das almas não é a solidão, é o céu, o inferno, o purgatório, o limbo em torno do padre eterno. Juntos, em boa companhia, entramos em alguma eternidade.
Disse do mundo ocidental porque é aí que parece estar arraigada essa mania de escrever, assim como o medo do isolamento, da morte e do vazio do grande silêncio interior. Escrever aparece como grande ponte para se esquivar dessas formas aversivas de sentir.
Parece que não basta o amor e o respeito ao próximo. Eles precisam ser expressos na prática. Escrever é dizer o sentimento. É um fazer que pode ser percebido. Nos agrupamentos humanos onde predominam contatos diretos face a face, pode-se dispensar a escrita, pois se pratica a comunicação contínua. Onde os contatos face a face rareiam, onde o isolamento começa a machucar, a escrita é o ato de aproximar, é o grito.
MAUTNER, Anna Verônica. Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 set. 2003.
Questão 06. Sobre a concordância do verbo bastar, no singular, em “Parece que não basta o amor e o respeito ao próximo”, está CORRETO o seguinte comentário, tomando-se como referência a norma culta da língua:
A) Escrever é pôr a mostra ideias e sentimentos.
B) Escrevia as pressas, no anseio de comunicar-se.
C) Considerava-se um escritor a moda antiga.
D) Algumas crônicas eram escritas a mão.
A) Sem nenhum desrespeito às religiões, há quem compare a estrutura do desfile das escolas de samba à das procissões.
B) João Batista escreve sobre a violência urbana, em contos à Rubem Fonseca, autor que introduziu esse gênero no país.
C) Decepcionado, Milton viu que não retornaria jamais à Manaus de sua infância, cidade modificada pelo progresso.
D) Todos os torcedores se levantaram à uma, comemorando como desvairados o gol da seleção brasileira.