Questão 01 sobre Manuel Bandeira: (Unifesp/2006) Sobre Manuel Bandeira, é correto afirmar que:
a) a insistência em temas relacionados ao sonho e à fantasia aponta para uma concepção de vida fugidia e distanciada da realidade. Dessa forma, entende-se o poeta na transição entre o Realismo e Modernismo.
b) sua obra é muito pouco alinhada ao Modernismo, pois sua expressão exclui por completo a linguagem popular, priorizando a erudição e a contenção criadora.
c) o desapego aos temas do cotidiano o aponta como um poeta que, embora inserido no Modernismo, está muito distanciado das causas sociais e da busca de uma identidade nacional, como fizeram seus contemporâneos.
d) o movimento modernista teve com seu trabalho e com o de poetas como Oswald e Mário de Andrade a base de sua criação. Bandeira recriou literariamente suas experiências pessoais, com temas como o amor, a morte e a solidão, aos quais conferiu um valor mais universal.
e) o poeta trata de temas bastante recorrentes ao Romantismo, como a saudade, a infância e a solidão. Além disso, expressa-se como os românticos, já que tem uma visão idealizada do mundo. Daí seu distanciamento dos demais modernistas da primeira fase.
Questão 02. (Fuvest) Leia: “Profundamente”
Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes cantigas e risos Ao pé das fogueiras acesas. No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos […] Onde estavam os que há pouco Dançavam Cantavam E riam Ao pé das fogueiras acesas? — Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fm da festa de São João Porque adormeci Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa Onde estão todos eles? — Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
No conhecido poema de Bandeira, aqui parcialmente reproduzido, a experiência do afastamento da festa de São João
a) é de ordem subjetiva e ocorre, primordialmente, no plano do sonho e da imaginação.
b) reflete, em chave saudosista, o tradicionalismo que caracterizou a geração modernista de 1922.
c) se dá predominantemente no plano do tempo e encaminha uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas humanas.
d) assume feição abstrata, na medida em que evita assimilar os dados da percepção sensível, registrados pela visão e pela audição.
e) é figurada poeticamente segundo o princípio estético que prevê a separação nítida de prosa e poesia.
Questão 03 sobre Manuel Bandeira: (Fuvest) Considere as seguintes afirmações sobre Libertinagem, de Manuel Bandeira:
I. O livro oscila entre um fortíssimo anseio de liberdade vital e estética e a interiorização cada vez mais profunda dos vultos familiares e das imagens brasileiras.
II. Por ser uma obra do início da carreira do autor, nela ainda são raras e quase imperceptíveis as contribuições técnicas e estéticas do Modernismo.
III. Em vários de seus poemas, a exploração de assuntos particulares e pessoais, aparentemente limitados, resulta em concepções muito amplas, de interesse geral, que ultrapassam a esfera pessoal do poeta.
Está correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) I e II. d) I e III. e) II e III.
Leia: Um dos maiores benefícios que o movimento moderno nos trouxe foi justamente esse: tornar alegre a literatura brasileira. Alegre quer dizer saudável, viva, consciente de sua força, satisfeita com seu destino. Até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. O riso era proibido. A pena molhava-se no tinteiro da tristeza e do pessimismo. O papel servia de lenço. De tal forma que os livros espremidos só derramavam lágrimas. Se alguma ideia caía vinha num pingo delas. A literatura nacional não passava de uma queixa gemebunda.
Por isso mesmo o segundo tranco da reação foi mais difícil: integração no ambiente. Fazer literatura brasileira mas sem choro. Disfarçando sempre a tristeza do motivo quando inevitável. Rindo como um moleque. MACHADO, Alcântara. Cavaquinho e saxofone.
Questão 04. (Unifest) Entre os textos de M. Bandeira, do livro O ritmo dissoluto (1924), transcritos nas cinco alternativas, aquele que comprova a opinião de Alcântara Machado é:
a) E enquanto a mansa tarde agoniza, Por entre a névoa fria do mar Toda a minhalma foge na brisa; Tenho vontade de me matar.
b) A beleza é um conceito. E a beleza é triste. Não é triste em si, Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
c) Sorri mansamente… em um sorriso pálido… pálido Como o beijo religioso que puseste Na fronte morta de tua mãe… sobre a sua fronte morta…
d) Noite morta. Junto ao poste de iluminação Os sapos engolem mosquitos.
e) A meiga e triste rapariga Punha talvez nessa cantiga A sua dor e mais a dor de sua raça… Pobre mulher, sombria filha da desgraça!
Atente: Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d’água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcaloide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar – Lá sou amigo do rei – Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada.
Questão 05 sobre Manuel Bandeira: (PUC) Do poema anterior, é incorreto:
a) sugere dinamismo provocado pelo ritmo marcado da redondilha maior e pela presença de verbos de movimento.
b) projeta um lugar onde se pode viver pelo imaginário o que a vida madrasta não ofereceu.
c) apresenta o tema da evasão da realidade como forma de libertar-se das limitações da vida presente.
d) constrói-se pela oposição entre dois advérbios de lugar e estabelece diálogo com tema romântico.
e) apresenta versos brancos e livres, bem como linguagem simples e coloquial, porém desprovida de procedimento metafórico.
Questão 06. (ITA) Leia, a seguir, o texto em que Millôr Fernandes parodia
Manuel Bandeira: Que Manuel Bandeira me perdoe, mas VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA Vou-me embora de Pasárgada Sou inimigo do Rei Não tenho nada que eu quero Não tenho e nunca terei Vou-me embora de Pasárgada Aqui eu não sou feliz A existência é tão dura As elites tão senis Que Joana, a louca da Espanha, Ainda é mais coerente do que os donos do país.
Os três últimos versos de Millôr Fernandes exprimem a) a inconsequência dos governantes. b) a má vontade dos políticos. c) a ignorância do povo. d) a pobreza de espírito das elites. e) a loucura das mulheres no governo.
Leia os dois poemas de Manuel Bandeira.
I – Momento num café Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida. Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.
II – Irene no céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor Imagino Irene entrando no céu: — Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Questão 07. (UFPR) Assinale a alternativa incorreta.
a) Os dois poemas têm como tema a morte, propício a considerações sobre a transcendência e abordado a partir de elementos cotidianos, o que é um procedimento recorrente na poesia de Manuel Bandeira.
b) Pelo próprio título e pelo conteúdo temático que apresenta, “Momento num Café” exemplifica o tema prosaico tão recorrente em toda a produção do poeta.
c) “Momento num Café” expressa o sentimentalismo objetivo do poeta, pois mostra que a morte, para quem convive de maneira cotidiana com ela, pode transformar-se em íntima e respeitosa amiga.
d) Em “Irene no Céu”, ao descrever Irene como “preta” e o ser superior, São Pedro, como um branco a quem ela tem que pedir licença, o poeta revela uma postura preconceituosa e elitista.
e) O refinado lirismo do poeta mostra, em “Irene no Céu”, um deslize gramatical típico da linguagem coloquial brasileira.
Questão 08 sobre Manuel Bandeira: (IBMEC) Leia o diálogo seguinte, para responder à questão:
— É. Eu já pensei nisso. Mas sem capital o senhor compreende é impossível…
— Per Bacco doutor! Mas io tenho o capital. O Capital sono io. O doutor entra com o terreno mais nada. E o lucro se divide no meio.
O capital acendeu um charuto. O conselheiro coçou os joelhos disfarçando a emoção. A negra de broche serviu o café.
— Doppo o doutor me dá a resposta. Io só digo isto:
pense bem.
Esse diálogo, em sua vivacidade quase radiofônica, ilustra a mistura de italiano e português que caracterizou uma das mais importantes obras da Literatura Brasileira, no primeiro tempo modernista.
Trata-se de: a) Macunaíma, de Mário de Andrade. b) Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado. c) Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade. d) Madame Pommery, de Hilário Tácito. e) La divina increnca, de Juó Bananere.
Leia: De outras e muitas grandezas vos poderíamos ilustrar, senhoras Amazonas, não fora persignar demasiado esta epístola; todavia, com afirmar-vos que esta é, por sem dúvida, a mais bela cidade terráquea, muito hemos feito em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas hospitalares, nos demos ao trabalho de bem nos inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa e assombro que se nos deparou, por certo não foi das menores tal originalidade linguística. Nas conversas utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade, mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e daquelas nos inteiramos, solícito; e nos será grata empresa vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal desprezível língua se utilizam na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua de Camões! De tal originalidade e riqueza vos há-de ser grato ter ciência, e mais ainda vos espantareis com saberdes, que à grande e quase total maioria, nem essas duas línguas bastam, senão que se enriquecem do mais lídimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por todos os recantos da urbs é versado. Mário de Andrade.
Questão 09. A “Carta pras Icamiabas” contrasta, pelo estilo, com os demais capítulos de Macunaíma. Com base no excerto, afirma-se que a carta escrita pelo herói a suas súditas, no contexto do romance:
I. parodia o estilo parnasiano, o que se constata pela escolha de vocabulário preciosista, pelo tratamento em 2ª pessoa do plural e pelo emprego da ordem indireta na frase.
II. ironiza o artificialismo parnasiano, demonstrando que a afetação nem sempre expressa erudição e quase sempre recai em impropriedades de linguagem.
III. inverte o processo de colonização brasileiro, ou seja, mostra a “descoberta” da civilização pelo indígena; nesse particular, ironiza, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel.
IV. paradoxalmente combate as propostas modernas, pois traz soluções de linguagem e de estilo que o Modernismo negou, em nome da nacionalização da língua literária.
São corretas as afirmações: a) I, II e III. b) I e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II e IV, apenas. e) II, III e IV, apenas.
Leia o texto: “Tequeteque, Chupinzão e a Injustiça dos Homens”
(…) Macunaíma seguiu caminho. Légua e meia adiante estava um macaco mono comendo coquinho baguaçu. Pegava no coquinho, botava no vão das pernas junto com uma pedra, apertava e juque! A fruta quebrava. Macunaíma veio e esgurejou com a boca cheia d’água. Falou: — Bom-dia, meu tio, como lhe vai? — Assim, assim, sobrinho. — Em casa todos bons? — Na mesma. E continuou mastigando. Macunaíma ali, sapeando. O outro enquizilou assanhado: — Não me olhe de banda que não sou quitanda, não me olhe de lado que não sou melado! — Mas o que você está fazendo aí, tio! O macaco mono soverteu o coquinho na mão fechada e secundou: — Estou quebrando os meus toaliquiçus pra comer. — Vá mentir na praia! — Uai, sobrinho, si tu não dá crédito então pra que pergunta! Macunaíma estava com vontade de acreditar e indagou: — É gostoso é? O mono estalou a língua: — Chi! prove só! Quebrou de escondido outro coquinho, fingindo que era um dos toaliquiçus e deu pra Macunaíma comer. Macunaíma gostou bem. — É bom mesmo, tio! Tem mais? — Agora se acabou mas si o meu era gostoso que fará os vossos! Come eles, sobrinho! O herói teve medo: — Não dói não? — Qual, si até é agradável!… O herói agarrou num paralelepípedo. O macaco mono rindo por dentro inda falou pra ele: — Você tem mesmo coragem, sobrinho? — Boni-t-ó-ó macacheira comotó! o herói exclamou empafoso. Firmou bem o paralelepípedo e juque! Nos toaliquiçus. Caiu morto (…)
Maanape chorou muito se atirando sobre o corpo do mano. Depois descobriu o esmagamento. Maanape era feiticeiro. Logo pediu de emprestado pra patroa dois cocos-da-Bahia, amarrou-os com nó-cego no lugar dos toaliquiçus amassados e assoprou fumaça de cachimbo no defunto herói. Macunaíma foi se erguendo muito desmerecido. Deram guaraná pra ele e daí a pouco matava sozinhos as formigas que inda o mordiam. Estava tremendo muito porque por causa da chuvarada a friagem batera de repente. Macunaíma tirou a garrafinha do bolso e bebeu o resto da pinga pra esquentar. Depois pediu uma centena para Maanape e foi até um chalé jogar no bicho. De-tarde quando viram, a centena tinha dado mesmo. E assim eles viveram com os palpites do mano mais velho. Maanape era feiticeiro. esgurejou: ato ou situação de estar faminto, esfaimado. enquizilou: de quizilar, aborrecer-se, enfezar-se. macacheira: o mesmo que macaxeira, mandioca, aipim.
Questão 10 sobre Manuel Bandeira: (ITA) Sobre Macunaíma, de Mário de Andrade, NÃO se pode afirmar que
a) a obra apresenta uma mistura de lendas indígenas, crendices, anedotas e observações pessoais da vida cotidiana brasileira e, por isso, foi classificada pelo próprio autor como rapsódia – uma colagem.
b) assim como a personagem Macunaíma passa por uma série de metamorfoses, a linguagem também se transforma ao longo da obra e, a leitura pode ser realizada em dois planos: infantil e malicioso.
c) a personagem Macunaíma sintetiza o caráter nacional brasileiro, pois se comporta ora como malandro ora como otário, demonstrando a ausência de perfil étnico e moral.
d) a história se passa inteiramente na floresta Amazônica, onde Macunaíma e os seus irmãos, Maanape e Jiguê, são membros da tribo dos Tapanhumas.
e) a obra traz para o campo da arte inovações de linguagem, como o ritmo, o léxico e a sintaxe coloquial para a escrita.
Doutorando em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Mestre em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Biologia e Química – FAEL
Licenciado em Ciências Biologias – IFMT/Campus Juína
3 comentários em “10 Questões de Literatura sobre Manuel Bandeira”
ta tudo certo com esse gabarito ou alguma coisa, exercicio começa no 01 e gabarito no 05
Acho que um problema com a letra d da questão 10, pois a história de Macunaíma não se passa inteiramente na floresta amazônica. Há um determindo momento que Macunaima vai atrás da Muiraquitã em São Paulo.
ta tudo certo com esse gabarito ou alguma coisa, exercicio começa no 01 e gabarito no 05
Olá, Obrigado por nos avisar, já consertamos o gabarito.
Acho que um problema com a letra d da questão 10, pois a história de Macunaíma não se passa inteiramente na floresta amazônica. Há um determindo momento que Macunaima vai atrás da Muiraquitã em São Paulo.