Questão 01 sobre Segunda Fase do Modernismo: (FCC-BA) Do período literário que se inicia em 1928 ao período imediatamente anterior, podemos dizer que:
A) a década de 30 é continuação natural do Movimento de 22, acrescentando-lhe tom anárquico e a atitude aventureira.
B) o segundo momento do Modernismo abandonou a atitude destruidora, buscando uma recomposição de valores e a configuração de nova ordem estética.
C) a década de 20 representa uma desagregação das ideias e dos temas tradicionais; e a de 30 destrói as formas ortodoxas de expressão.
D) as propostas literárias da década de 20 só se veriam postas em prática no decênio seguinte.
E) o segundo momento do Modernismo assumiu como armas de combate o deboche, a piada, o escândalo e a agitação.
Questão 02. (PUC-SP). Quem me fez assim foi minha gente e minha terra e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.
Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa.
[…]
Aqui ao menos a gente sabe que passam a perna na gente.
O francês, o italiano, o judeu falam uma língua de farrapos.
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só, lê o seu jornal, mete a língua no governo, queixa-se da vida (a vida está tão cara) e no fm dá certo.
Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?
Carlos Drummond de Andrade
Estão presentes nos versos anteriores as seguintes características da poesia de Carlos Drummond de Andrade:
A) desintegração da palavra tom prosaico; negação da subjetividade.
B) presença de neologismos; predominância da frase nominal; desorganização dos padrões métricos.
C) atitude irônica para com as teorias poéticas; utilização dos recursos da poesia concreta; negação da subjetividade.
D) uso de palavras consideradas tradicionalmente como não poéticas; presença da ironia; sintonia com o homem e o mundo de seu tempo.
E) poesia objetiva; tom prosaico; presença da ironia.
Questão 03 sobre Segunda Fase do Modernismo: (UFPE)
Texto I
Leve é o pássaro;
e a sua sombra voante,
mais leve
[…]
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.
E a figura invisível
do amargo passante,
mais leve.
Cecília Meireles
Texto II
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da sua voz deliciava..
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Cruz e Sousa
Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neossimbolista de Cecília Meireles e a de Cruz e Souza?
A) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano.
B) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras.
C) A preocupação formal e a presença de rimas ricas.
D) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente.
E) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa.
Questão 04. (UFG / Adaptado) Um poema pode oferecer inúmeras possibilidades de leitura e interpretação. Considere o que segue:
Os Materiais da Vida
Drls? Faço meu amor em vidrotil
nossos coitos são de modernfold
até que a lança de interflex
vipax nos separe
em clavilux
camabel camabel o vale ecoa
sobre o vazio de ondalit
a noite asfáltica
plkx
ADRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 48.ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 259.
A respeito da seleção lexical que estrutura o poema, NÃO se pode afirmar o seguinte:
A) O poema foi elaborado com neologismos que lembram marcas de produtos, revelando a intenção do autor de ironizar a profusão dessas marcas (paviflex, poliéster, por exemplo) que integram as sociedades industrializadas.
B) Processos de construção de palavras, como a prefixação e a sufixação, ocorrem em vidrotil e ondalit, indicando não só o dinamismo da língua mas também um processo de empréstimos linguísticos.
C) Ao juntar letras em drls e plkx, o autor explora dois traços da poesia contemporânea: o gráfico e o visual, o que antecipa no poema experiências estilísticas de vanguarda.
D) No poema, a forma de muitas palavras adquire maior relevância do que o seu conteúdo, revelando a intenção humorística do autor.
(FUVEST-SP–2011) Instrução: Texto para as questões de 05 a 07
A Rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes
Questão 05 sobre Segunda Fase do Modernismo: Neste poema:
A) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico do texto.
B) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição.
C) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a elaboração formal.
D) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra de canção popular.
E) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem.
Questão 06. Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos:
A) 2 e 17.
B) 1 e 5.
C) 8 e 15.
D) 9 e 18.
E) 14 e 3.
Questão 07. Os aspectos expressivo e exortativo do texto conjugam-se, de modo mais evidente, no verso:
A) “Mudas telepáticas”. (V. 2)
B) “Mas oh não se esqueçam”. (V. 9)
C) “Da rosa da rosa”. (V. 10)
D) “Estúpida e inválida”. (V. 14)
E) “A antirrosa atômica”. (V. 16)
Questão 08 sobre Segunda Fase do Modernismo: (Enem–2007)
Texto I
Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. […] Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins, 23. ed., 1969. p. 75 (Fragmento).
Texto II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.
BUENO, Luís. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, 2001 n.° 2. p. 254 (Fragmento).
A partir do trecho de Vidas secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.
I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.
II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.
III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional.
É CORRETO apenas o que se afirma em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Questão 09 sobre Segunda Fase do Modernismo: (Enem–2009)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografa na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do Movimento Modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema ‘‘Confidência do Itabirano’’.
Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema anterior:
A) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
B) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
C) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
D) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
E) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.