Questão 01 sobre Coerência e Coesão Textual: (Enem–2009) Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado a abandonar os estudos de arquitetura por causa da tuberculose. Mas a iminência da morte não marcou de forma lúgubre a sua obra, embora em seu humor lírico haja sempre um certo toque de morbidez, até no erotismo. Tradutor de autores como Marcel Proust e William Shakeaspeare, esse nosso Manuel traduziu mesmo foi a nostalgia do paraíso cotidiano mal idealizado por nós, brasileiros, órfãos de um país imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Descrever seu retrato em palavras é uma tarefa impossível, depois que ele mesmo já o fez tão bem em versos.
Revista Língua portuguesa, nº 40, fev. 2009.
A coesão do texto é construída principalmente a partir do(a):
A) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as informações apresentadas no texto.
B) substituição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e “morbidez”, “melancolia” e “nostalgia”.
C) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos: “sua”, “seu”, “esse”, “nosso”, “ele”.
D) emprego de diversas conjunções subordinativas que articulam as orações e períodos que compõem o texto.
E) emprego de expressões que indicam sequência, progressividade, como “iminência”, “sempre”, “depois”.
Questão 02. (Enem–2003)
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. e era um acontecimento para a meninada… Que talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!
havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. e muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e fl orestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
REGO, José Lins do. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (Adaptação).
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto, infere-se que a velha Totonha:
A) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
B) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.
C) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.
E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia universalizada.
Questão 03 sobre Coerência e Coesão Textual: UFPE. O entendimento da coerência de um texto decorre, em muito, das relações de sentido estabelecidas ao longo de seu percurso. No texto, por exemplo, concorrem para a sua coerência:
00. a reiteração promovida pela repetição de palavras como: ‘língua’, ‘fala’, ‘escrita’, ‘uso’, entre outras.
01. a associação semântica entre expressões do tipo ‘linguista’, ‘professor de língua’ e ‘ensino’; ‘português padrão’ e ‘língua erudita’.
02. a oposição entre os conceitos de ‘certo’ e ‘errado’, de ‘lingua falada’ e de ‘língua escrita’.
03. as retomadas pronominais, que promovem a continuidade das referências feitas, como em: “Cada variedade da língua é apropriada em seu contexto próprio, e os falantes sabem isso muito bem”.
04. as relações de hiperonímia responsáveis por nexos de equivalência semântica entre duas ou mais expressões, como em: “Diz-se, às vezes, que os linguistas são permissivistas para quem ‘tudo vale’, desde que haja comunicação”.
Questão 04. UNIFOR-CE. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no governo. Mas é igualmente verdade que a possibilidade de ação democrática começa e acaba aí.
O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única real força que governa o mundo e, portanto, o seu país e a sua pessoa.
Refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.
Todos sabemos que é assim e, contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de forças ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica.
José Saramago – Trecho do discurso pronunciado no “Fórum de Porto Alegre”, jan. 2002.
A coerência do primeiro parágrafo decorre:
a. da repetição da expressão é verdade.
b. de ideias centradas num eixo de significação.
c. da sequência de orações subordinadas.
d. da exatidão de reflexões sobre o sentido de democracia.
e. do efeito persuasivo da exposição de ideias.
Questão 05 sobre Coerência e Coesão Textual: UFMS. Assinale, entre a(s) alternativa(s), aquela(s) que não apresenta(m) problema(s) de coesão e/ou coerência.
01. Durante reunião com empresários do setor têxtil, o ministro reafirmou que é preciso manter a todo custo o plano de estabilização econômica, sob pena de termos a volta da inflação.
02. O Ronaldinho foi o artilheiro que fez a melhor campanha do campeonato europeu. Teria, no entanto, que ser o melhor jogador este ano.
04. Mesmo que os deputados que deponham na CPI dos Correios e ajudem a esclarecer os fatos obscuros do valerio duto, a confiança no partido da situação não foi abalada.
08. Apesar da empresa Águas Guariroba estar tratando a água da represa de Lageado, portanto o gosto da água nas regiões sul e leste da cidade melhorou.
16. Antes de fazer deduções irresponsáveis acerca das medidas político-sociais do governo, deve-se procurar conhecer as razões que as motivaram.
Questão 06. IBMEC. Os fragmentos de texto a seguir são de autoria de Joaquim Nabuco, abolicionista, político, fundador da Academia Brasileira de Letras e um dos mais ilustres homens públicos do Brasil. Ele era também escritor e mestre da arte da diplomacia. Festejam-se, em 2009, os 160 anos de seu nascimento.
a. “Haverá indiferença mais criminosa do que a indiferença com que a classe única que dirige os destinos deste país desde que ele se fundou, tem assistido ao crescimento desamparado da nossa população, à promiscuidade de nosso povo, à miséria que se espalha por todo o país, à degradação dos nossos costumes, só se preocupando dos seus interesses de classe, de manter o jugo férreo dos seus monopólios desumanos e atentatórios da civilização universal.”
b. “Já existe, felizmente, em nosso país, uma consciência nacional – em formação, é certo – que vai introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa legislação, e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim que o Brasil traz na fronte. Essa consciência, que está temperando a nossa alma, e há de por fim humanizá-la, resulta da mistura de duas correntes diversas: o arrependimento dos descendentes de senhores, e a afinidade de sofrimento dos herdeiros de escravos.”
c. “O trabalho sem a instrução técnica e sem a educação moral do operário não pode abrir um horizonte à nação brasileira.”
A coesão textual constrói-se, também, através da anáfora, isto é, da retomada de elementos anteriormente expressos. Em todas as opções, as palavras sublinhadas retomam um elemento expresso no texto, exceto em:
a. “…tem assistido ao crescimento desamparado da nossa população”
b. “Haverá indiferença mais criminosa do que a indiferença com que a classe única que dirige os destinos deste país…”
c. “…e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim”
d. “o jugo férreo dos seus monopólios desumanos…”
e. “e há de por fim humanizá-la…”
Questão 07 sobre Coerência e Coesão Textual: UFPG-PR
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha porque alta vive.
Fernando Pessoa. Odes de Ricardo Reis
Em relação aos elementos de coesão textual, assinale o que for correto.
01. A substituição do ponto final pelo conectivo e não altera o sentido do 3° verso.
02. A substituição do vocábulo ou por mas não altera o sentido do 2° verso.
04. O vocábulo pois substitui em igual sentido o vocábulo porque.
08. É correta a substituição do vocábulo assim pela expressão do mesmo modo que.
16. O vocábulo que equivale a porque.
Questão 08 UNIFOR-CE
Ex-marido mata mulher e leva corpo para mãe
[01] Dia das Mães e o coração de dona
F. L. [02] ficou angustiado ao ver o corpo da
filha sendo [03] jogado em seus pés. J. S., 23,
foi morta com um [04] golpe de faca, pelo
ex-marido, identificado como [05] M. O. R.,
23, que não pensou em deixar seus [06] dois
filhos órfãos de mãe. O crime aconteceu
na [07] manhã desse domingo (9), na rua T.
S., bairro J. [08] C., depois de uma discussão
entre os dois.
[09] As testemunhas informaram à
Polícia que [10] o casal estava em um bar
próximo à residência “deles quando iniciaram uma briga e, logo em “seguida, M.
matou a jovem. A família de J. “relatou
que o assassino, depois de matá-la, foi
“entregar, com maior frieza, o corpo da
vítima na “residência da mãe dela e, em
seguida, fugiu. “Segundo os parentes de
J., ele chegou com a “jovem nos braços e
a jogou no chão, na casa da [18] mãe. Dona
F. presenciou a filha morrendo, pois [19] ela
ainda respirava com dificuldade quando
ele a [20] deixou, como se tivesse lutando
para conseguir2′ sobreviver.
Levando-se em conta os aspectos de coesão e coerência, é verdadeiro afirmar que:
a. em “o coração de dona F. L. ficou angustiado ao ver o corpo da filha” (refs. 1 e 2), há incoerência textual, pois o coração não pode ver.
b. em “o corpo da filha sendo jogado em seus pés” (refs. 2 e 3), há quebra da coesão desde que, em vez de “em seus pés”, deveria ter sido escrito “a seus pés”.
c. em “uma discussão entre os dois” (ref. 8), não há como saber se a discussão foi entre os dois filhos ou entre o marido e a mulher.
d. em “próximo à residência deles” (refs. 10 e 11), “deles” se refere a “casal” (ref. 10), pois, embora “casal” esteja no singular, dá ideia de plural.
e. em “depois de matá-la” (ref. 13), a forma pronominal “la” substitui a palavra “vítima” (ref. 14).
Há vários mecanismos para que o processo de coesão textual seja realizado pelo autor. Um deles é o uso de vocábulos anafóricos. No verso “por este provador de longa idade”, a expressão sublinhada se refere:
a. a “tênis”.
b. a “colorido”.
c. ao próprio autor.
d. a “proclama”.
e. a “alguma coisa”.