Questão 01 sobre Processo de Formação de Palavras: (ENEM)
Não tem tradução
O cinema falado
É o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão
Prende mais que um xadrez
Lá no morro
Se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo
Do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou
E usou
Mais tarde um malandro
Deixou de sambar
Dando o pinote
Na gafieira dançando um foxtrote
Essa gente hoje em dia
Que tem a mania de exibição
Não entende que o samba
Não tem tradução
No idioma francês
Tudo aquilo
Que o malandro pronuncia
Com voz macia
É brasileiro
Já passou de português
Amor lá no morro
É amor pra chuchu
As rimas do samba não são
I love you
E esse negócio de alô
Alô boy, alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone
Essa gente hoje em dia […]
Noel Rosa
Sobre a letra da canção de Noel Rosa, podemos afirmar:
A) Exaltam-se as línguas estrangeiras como forma de união entre nações.
B) Considera-se a incorporação de estrangeirismos uma agressão à cultura nacional.
C) Valoriza-se o estrangeiro em detrimento do brasileiro, do nacional.
D) Enfatiza-se o português formal como única modalidade linguística possível.
E) Constata-se uma aproximação entre a linguagem dos malandros e a do cinema.
Questão 02. (Enem–2010)
Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
mim?
[…]
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (Fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a):
A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.
E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.
Processo de Formação de Palavras: (UFV-MG–2006 / Adaptado)
Instrução: Leia o texto para responder às questões de 03 a 07.
Sushi or not sushi?
Entenda o surto de infecção por um parasita que tem posto sob suspeita pratos feitos com peixe cru Diphyllobothrium é o nome do vilão. Para simplificar, é a tênia do peixe. O alarme foi dado recentemente pelas autoridades de Saúde do Brasil. Um surto do parasita – quase 30 casos diagnosticados – foi detectado na cidade de São Paulo. O suficiente para afugentar os clientes dos restaurantes japoneses.
O perigo se escondia nas carnes tenras dos sushis e dos sashimis. Salmão e robalo principalmente. Ingerido, o parasita aloja-se discretamente no intestino do apreciador de peixes crus. Ali se desenvolve até se tornar um verme, digamos, de bom tamanho. Alguns atingem 10 metros.
O que as pessoas sentem? Praticamente nada por um bom tempo. Os sintomas, quando ocorrem, são vagos e inespecíficos. Desconforto abdominal, diarréia, dor em cólica, e, em casos crônicos, anemia por falta de algumas vitaminas. Alguns pacientes infestados eliminam fragmentos dos vermes nas fezes. Isso pode dar uma dica óbvia.
Onde se encontra, como se infecta e qual seria o tratamento desse vilão? Por mais estranho que isso possa parecer, essa infecção não é privilégio de países subdesenvolvidos. Muito ao contrário.
Um estudo recentemente publicado pelo Instituto suíço de doenças parasitárias rastreou os casos de Diphyllobothrium na Europa. Mais comuns nos países da Escandinávia, sua incidência está aumentando em outros, como Itália e França. Sempre nas regiões dos lagos.
As larvas do parasita ficam escondidas na musculatura (carne) dos peixes de água doce, como salmão e robalo. Quando digeridas pelo homem, as larvas desenvolvem-se no tubo digestivo, mais especificamente no intestino. As larvas crescem entre 5 e 25 centímetros por dia e atingem tamanhos enormes. Sete, 10 metros.
Como fragmentos do parasita, repletos de ovos microscópicos, são eliminados nas fezes, se os esgotos não forem devidamente tratados, atingem novamente os lagos e rios, infectando mais peixes, e assim, sucessivamente, o ciclo se completa.
O diagnóstico não é tão fácil. Exames laboratoriais podem não identificar o parasita. Por isso, sua real incidência é muito subestimada no mundo todo. O Brasil não foge à regra. Uma vez diagnosticado o problema, o tratamento é simples. Há remédios eficientes contra esse tipo de parasita.
O hábito de consumir peixes cru ou malcozidos tornou-se comum. De sushi a carpaccio de peixe, o perigo pode estar em qualquer prato. É microscópico, invisível. O salmão defumado também apresenta riscos.
Para evitar o perigo, sem abrir mão de desfrutar esses produtos, é preciso matar o parasita por congelamento. Basta congelar a carne do peixe a temperatura inferior a –10 ºC por um período entre 10 e 72 horas (dependendo da espessura da carne). A –55 ºC, ele morre em cinco minutos.
Trata-se de um novo tipo de infestação? Nem um pouco. Arqueólogos encontraram ovos do Diphyllobothrium em sedimentos neolíticos, datados de milhares de anos.
Para evitar o parasita, especialistas recomendam aos consumidores – que em geral não têm como conferir se o produto servido foi adequadamente congelado – que não consumam peixes crus ou malcozidos.
O surto brasileiro da infecção levou a algumas confusões envolvendo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), médicos infectologistas e donos de restaurantes japoneses.
A Anvisa e o Ministério da Agricultura têm alertado sobre o parasita. O principal suspeito é o salmão importado do Chile, que teria causado os recentes casos de parasitose. As autoridades chilenas já foram notificadas.
Infectologistas brasileiros afirmam que não se conhecem casos de contaminação por ingestão de peixe criado no Brasil. Mas não há uma fiscalização sistemática nas carnes nacionais nem nas estrangeiras. Em tese, o parasita poderia estar em peixes de qualquer procedência e passar despercebido.
A Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura informa que o Chile é, praticamente, o único fornecedor do salmão do Brasil. Os porta-vozes da Associação Brasileira de Culinária Japonesa dizem que o produto continuará nos cardápios, mas, cautelosamente, garantem que a partir de agora o peixe passará sempre por um congelamento preventivo antes de ser servido.
Cumprida essa medida – razoável e saudável –, poderemos voltar a degustar um sushi, um sashimi ou carpaccio de salmão com segurança. Bom apetite.
YOUNES, Riad. Sushi or not sushi. Evolução e Saúde. Carta Capital, 20 abr. 2005.
Questão 03 sobre Processo de Formação de Palavras: O texto divulga alguns sintomas acerca da infecção causada pelo Diphyllobothrium. Dos sintomas a seguir, aquele que NÃO é característico de tal parasitose é:
A) mal-estar abdominal.
B) diarreia.
C) cólica abdominal.
D) anemia devido à falta de vitaminas.
E) fragmentação nas fezes.