Questão 01 sobre Primeira Fase do Modernismo: (UFES)
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da favela sob azul cabralino são fatos estéticos. […]
A língua sem arcaísmo, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos. […]
Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: poesia de importação. E a poesia Pau-Brasil de exportação. […]
O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. […]
O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional. […]
Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de dorme nenê que o bicho vem pegá e de equações.
Nos trechos selecionados, o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”(1924), de Oswald de Andrade:
A) apregoa a importância de o homem brasileiro estudar poesia para tornar-se mais erudito, fazendo o Brasil alcançar a Europa como país elevado culturalmente.
B) apresenta modelos para a produção de artes plásticas, pois explicita as luzes e as cores da natureza brasileira.
C) assinala que o ensino brasileiro carece de um maior incentivo por parte do Estado, porque investe pouco na formação de especialistas.
D) exprime novas bases para se pensar e fazer poesia, contrapondo a importância das situações comuns e populares a uma forma estagnada de tradição acadêmica.
E) problematiza a condição da nacionalidade ao indicar que o homem brasileiro deveria se subjugar ao europeu.
Questão 02 sobre Primeira Fase do Modernismo: (Enem–2007)
Texto I
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Gonçalves Dias
Primeira Fase do Modernismo: Texto II
Macunaíma
(Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto […] Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
Mário de Andrade
A leitura comparativa dos dois textos anteriores indica que:
A) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heroica, como símbolo máximo do nacionalismo romântico.
B) a abordagem da temática adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do Brasil.
C) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (Texto I) e “Quem podia saber do Herói?” (Texto II) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.
D) o texto romântico, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado do processo de colonização no Brasil.
E) os versos em primeira pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto.
Questão 03 sobre Primeira Fase do Modernismo: (Enem–2006)
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu [corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de [repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época:
A) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
B) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
C) criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.
Questão 04. (PUC-SP) O título da obra Macunaíma é especificado com “Herói sem nenhum caráter”. A alternativa que NÃO é verdadeira em relação à especificação é:
A) O caráter do herói é ele não ter caráter definido.
B) O protagonista assume várias esferas de ação, daí ser simultaneamente herói e anti-herói.
C) A fragilidade de caráter do protagonista faz com que este perca, no decorrer da obra, sua característica de herói.
D) O herói se configura com suas qualidades paradoxais: ele é ao mesmo tempo preguiçoso e esperto, irreverente e simpático, valente e covarde.
E) O caráter do herói é contraditório, pois ele se caracteriza como um “sonso-sabido”.
Questão 05 sobre Primeira Fase do Modernismo: (VUNESP-SP) Leia atentamente o texto de Antonio Candido e assinale a alternativa que julgar INCORRETA.
Na literatura brasileira, há dois momentos decisivos que mudam os rumos e vitalizam toda a inteligência: o Romantismo, no século XIX (1836-1870) e o ainda chamado Modernismo, no presente século (1922-1945). Ambos representam fases culminantes de particularismo literário na dialética do local e do cosmopolita; ambos se inspiram, não obstante, no exemplo europeu. Mas enquanto o primeiro procura superar a influência portuguesa e afirmar contra ela a peculiaridade literária do Brasil, o segundo já desconhece Portugal, pura e simplesmente: o diálogo perdera o mordente e não ia além da conversa de salão. Um fato capital se torna deste modo claro na história da nossa cultura; a velha mãe pátria deixara de existir para nós como termo a ser enfrentado e superado.
O particularismo se afirma agora contra todo academismo, inclusive o de casa, que se consolidara no primeiro quartel do século XX, quando chegaram ao máximo o amaciamento do diálogo e a consequente atenuação da rebeldia.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Ed. Nacional, 1975. p. 112.
A) Na dialética do local e do cosmopolita, o Romantismo e o Modernismo são os movimentos da história literária brasileira que mais enfatizaram a expressão dos dados locais.
B) Embora decisivos, tanto o Romantismo quanto o Modernismo inspiraram-se no exemplo europeu.
C) Uma diferença marcante entre o Romantismo e o Modernismo brasileiro é que, ao procurar afirmar a peculiaridade literária do Brasil, o Romantismo desconhece Portugal, enquanto o Modernismo retoma o velho diálogo.
D) O Modernismo marca uma ruptura fundamental na história da nossa cultura: a velha mãe pátria deixa de existir para nós como termo a ser enfrentado e superado.
E) O particularismo romântico diferencia-se do Modernismo porque este movimento se volta principalmente contra o academicismo que se manifesta em nossa literatura.
Questão 06. (Fatec-SP / Adaptado) Leia atentamente as características literárias que se seguem.
( ) Visão de mundo centrada no indivíduo; liberdade de criação; sentimentalismo; evasão no tempo, no espaço e na morte; “Mal do Século”; eleição de heróis grandiosos; subjetividade; supervalorização do amor.
( ) Concepção mística da vida; ênfase na imaginação e na fantasia; conteúdo relacionado com o espiritual, o místico, o subconsciente e o inconsciente.
( ) Quanto à poesia: utilização de versos livres, livre associação de ideias, valorização de fatos e coisas do cotidiano, humor; quanto à prosa: emprego de períodos curtos, utilização da fala coloquial, preocupação com a realidade.
( ) Objetividade; semelhanças das personagens com o homem comum; condicionamento das personagens ao meio físico e social; detalhismo; crítica ao presente; valorização da inteligência e da razão.
Essas características gerais referem-se, respectivamente, aos estilos:
A) árcade; barroco; parnasiano; romântico.
B) barroco; modernista; realista / naturalista; simbolista.
C) parnasiano; romântico; árcade; modernista.
D) romântico; simbolista; modernista; realista / naturalista.
E) romântico; barroco; modernista; simbolista.
Questão 07 sobre Primeira Fase do Modernismo: (UFOP-MG) Leia atentamente o poema de Manuel Bandeira:
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
– Respire.
…………………………………………………….
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. p. 214.
Com relação ao texto do poeta pernambucano, é INCORRETO afirmar que:
A) trata-se de um ótimo exemplo de poema modernista, dada a ausência de rima e de métrica regular, o que faz com que este texto possa ser lido como um diálogo prosaico, num tom coloquial, de fácil apreensão e compreensão.
B) o poema não se refere explicitamente a uma situação comum a qualquer ser humano, mas pode ser lido como um desabafo irônico do poeta, uma vez que ele mesmo se ressentiu dos achaques da tuberculose, o que pode ser, implicitamente, percebido aqui.
C) a ironia de Manuel Bandeira encontra, nesse poema, um exemplo rico e instigante, uma vez que associa dados da biografa do autor e uma situação corriqueira na vida de qualquer pessoa acometida de tuberculose.
D) o “tango argentino” é o elemento que faz o leitor perceber o traço irônico de Manuel Bandeira, característica não apenas de sua poesia, como da produção poética modernista no Brasil, no início do século XX.
Questão 08. (UFF-RJ)
Pero Vaz Caminha
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
Os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
Primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
ANDRADE, Oswald. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 80.
O procedimento poético empregado por Oswald de Andrade no texto é:
A) reconhecer e adotar a métrica parnasiana, criando estrofes simétricas e com títulos.
B) recortar e recriar em versos trechos da Carta de Caminha, dando-lhes novos títulos.
C) imitar e refazer em prosa a Carta de Caminha, criando títulos para as várias seções.
D) reconhecer e retomar a prática romântica, dando títulos nacionalistas às estrofes.
E) identificar e recusar os processos de colagem modernistas, dando-lhes títulos novos.
Questão 09 sobre Primeira Fase do Modernismo: (UFAC–2010) Observe o trecho abaixo:
Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que nem marca dum pé gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão de Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.
ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 22. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 29-30.
Na passagem acima, Mário de Andrade retoma uma tradição de contar histórias, onde Macunaíma, o herói da nossa gente, representa uma espécie de símbolo de afirmação da nossa mestiçagem que até então, antes do Modernismo, era vista como sinal de inferioridade. Ao sair da água encantada, porém, ele consegue ficar branco, enquanto seus dois irmãos, mais adiante, continuam com os traços indígenas e negroides.
Essa metáfora compõe, junto com a forma de contar histórias:
A) o pobre cenário de nossa relação com o passado.
B) o irremediável apego a uma tradição narrativa, sem mais sentido para a época.
C) o mergulho nas nossas raízes e o desafio de compreendê-las na sua complexidade.
D) uma discussão que confirma, apenas, a falta de sentido de nossa malandragem, como marca da nossa identidade.
E) a abertura para todos os ufanismos e exageros nacionalistas que marcariam a nossa trajetória de desembaraço de contradições.
Questão 10 sobre Primeira Fase do Modernismo: (PUC RS–2010) Para responder à questão, ler o trecho Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.
A costa brasileira depois de um pulo de farol sumiu como um peixe. O mar era um oleado azul. O sol afogado queimava arranha-céus de nuvens. Dois pontos sujaram o horizonte faiscando longínquos bons dias sem fio.
Os olhos hipócritas dos viajantes andavam longe dos livros – agora polichinelos sentados nas cadeiras vazias.
A aproximação do texto literário à prosa cinematográfica, caracterizada pela _________, permite afirmar que o fragmento acima, de autoria de Oswald de Andrade, enquadra-se na estética _________.
A) simultaneidade de imagens – modernista
B) exaltação de objetos – romântica
C) presença da ironia – realista
D) idealização da paisagem – pós-moderna
E) exploração do local – simbolista
Questão 11. (UFOP-MG) Considerando a obra de Mário de Andrade, Macunaíma, é CORRETO afirmar que:
A) o autor se preocupou em agrupar os mitos e lendas do Brasil numa narrativa que não analisa a situação real do índio brasileiro no início do século.
B) trata-se de uma narrativa que recupera lendas, mitos e histórias populares, que compõe um panorama cultural do Brasil do início do século, na visão crítica do autor.
C) trata-se de um romance polifônico que toma de empréstimo a estrutura musical da rapsódia por valorizar mitos e lendas da região Sul do Brasil.
D) trata-se de um romance que se constrói sob a perspectiva do indianismo, criticando suas características e mostrando a transformação do negro durante a modernização do Brasil.
E) trata-se de uma narrativa que reintroduz o tema do indianismo no panorama das experimentações dramáticas e musicais do Modernismo brasileiro.
Questão 12 sobre Primeira Fase do Modernismo: (ITA-SP) Leia os textos a seguir, de Oswald de Andrade, extraídos de Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978:
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Esses poemas
I. mostram claramente a preocupação dos modernistas com a construção de uma literatura que levasse em conta o português brasileiro.
II. mostram que as variantes linguísticas, ligadas a diferenças socioeconômicas, são todas válidas.
III. expõem a maneira cômica com que os modernistas, por vezes, tratavam de assuntos sérios.
IV. possuem uma preocupação nacionalista, ainda que não propriamente romântica.
Estão CORRETAS:
A) I e IV.
B) I, II e III.
C) I, II e IV.
D) I, III e IV.
E) todas.
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Gabarito com as respostas do simulado de Língua Portuguesa sobre a Primeira Fase do Modernismo:
Resposta do exercício 01. D;
Resposta do exercício 02. C;
Resposta do exercício 03. B;
Resposta do exercício 04. C;
Resposta do exercício 05. C;
Resposta do exercício 06. D;
Resposta do exercício 07. B;
Resposta do exercício 08. B;
Resposta do exercício 09. C;
Resposta do exercício 10. A;
Resposta do exercício 11. B;
Resposta do exercício 12. E
Doutorando em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Mestre em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Biologia e Química – FAEL
Licenciado em Ciências Biologias – IFMT/Campus Juína