Questão 01 sobre Elementos da Poesia: (FUVEST-SP–2010)
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
e repito!
Vinicius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.
*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.
Considere as seguintes afirmações:
I. O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central na composição da estrofe.
II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da pátria que eles expressam não é oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na escolha de um verso latino como núcleo da estrofe.
Está CORRETO o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Questão 02. (PUCPR–2010) Considere o seguinte poema de Manuel Bandeira, observando os comentários que se seguem a ele.
Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco!
e São Pedro bonachão:
– entra, Irene. Você não precisa pedir licença. BANDEIRA, Manuel: Meus Poemas Preferidos. Rio de Janeiro: ediouro, 2007, p. 87.
I. O poema é uma declaração de respeito a uma senhora negra, com destaque para os traços do seu caráter – bondade, alegria, simpatia, fidelidade. Porém, a referência ao “céu” como um espaço onde (apenas depois da morte) não há discriminação (“Entra, Irene. Você não precisa pedir licença”), deixa entrever as possíveis dificuldades da personagem em sua vida, o que dá a esse poema, doce e terno, também uma tonalidade de certa crítica social.
II. “Irene no céu” é um poema de uma só estrofe de sete versos rigidamente metrificados. Há grande riqueza metafórica presente, por exemplo, na descrição de São Pedro como representação figurada do típico senhor de escravos e sua forma peculiar de se dirigira seus comandados. Além disso, do ponto de vista formal, chama a atenção, no que diz respeito ao léxico, o uso de expressões eruditas e típicas da alta cultura letrada.
III. É a linguagem do poema, com os recursos do coloquial e do discurso direto da personagem retratada, que induz o leitor a perceber tanto as ideias mais evidentes sobre o que se descreve – que Irene era amável e de bom caráter – quanto as que estão nas entrelinhas, como a suposta submissão de Irene, aprendida, talvez, na experiência da escravidão ou do preconceito racial, o que a leva a se dirigir a São Pedro dizendo “Licença, meu branco!”.
Assinale:
A) Se todas estiverem corretas.
B) Se apenas II e III estiverem corretas.
C) Se apenas I e II estiverem corretas.
D) Se apenas I e III estiverem corretas.
E) Se apenas II estiver correta.
Questão 03 sobre Elementos da Poesia: (FUVEST-SP–2009) “Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa… – ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fm de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego… Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. e ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fm. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.”
ROSA, João Guimarães. “O burrinho pedrês”. Sagarana.
Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatopeia, em “Chu-áa! Chu-áa…”, e a fusão de onomatopeia e aliteração em:
A) “vestindo água”.
B) “ruge o rio”.
C) “filho do fundo”.
D) “fora de hora”.
Questão 04. (UFOP-MG–2008) O jogo dúbio e humorístico entre som e significado, um procedimento fundamental na obra de José Paulo Paes, está presente em todos os poemas transcritos, EXCETO:
A) Poética
conciso? com siso
prolixo? pro lixo
B) Ocidental
a missa
a miss
o míssil
C) Epitáfio para um banqueiro
negócio
ego
ócio
cio
o
D) Epitáfio para um sociólogo
Deus tem agora
Um sério concorrente
Questão 05 sobre Elementos da Poesia: (UFU-MG–2006) Leia os versos do poeta Ferreira Gullar.
[…]
Quantas tardes numa tarde!
e era outra, fresca,
debaixo das árvores boas a tarde
na praia do Jenipapeiro
[…]
Muitos
Muitos dias há num dia só
porque as coisas mesmas
os compõem
com sua carne (ou ferro
que nome tenha essa
matéria tempo
suja ou
não)
[…]
É impossível dizer
em quantas velocidades diferentes
se move uma cidade
a cada instante
Melhores poemas.
Com relação ao fragmento, marque a afirmativa CORRETA.
A) O poeta faz uma reflexão sobre a simultaneidade e a temporalidade das coisas, excluindo, implicitamente, a reflexão da temporalidade humana.
B) As lembranças e associações evocadas pela memória atualizam o passado, fazendo-o repetir-se sem alterações, como se vê na primeira estrofe.
C) A assimetria dos versos e a forma como são dispostos no papel representam um estilo literário e desconsideram o tratamento temático do texto.
D) Os versos são marcados pela ideia de simultaneidade, tanto da lembrança quanto da existência real das coisas, o que leva o poeta à reflexão sobre o tempo.
Questão 06. (UNIFESP-SP) O processo estilístico em que um verso se estende no outro, sintática e semanticamente, é conhecido como encavalgamento, “cavalgamento” ou, muitas vezes, pelo termo francês enjambement. esse recurso é frequente na estrutura do texto poemático. As estrofes da poesia-canção de Djavan, por exemplo, têm seus versos quase que inteiramente estruturados por esse processo. Indique a alternativa em que NÃO ocorre encavalgamento.
A) Meu bem-querer / É segredo, é sagrado,
B) Meu bem-querer / Tem um quê de pecado
C) E o que é o sofrer / Para mim, que estou
D) Acariciado pela emoção. / Meu bem-querer, meu encanto,
E) Para mim, que estou / Jurado p’ra morrer de amor?
Questão 07 sobre Elementos da Poesia: (UERJ)
A***
Falo a ti – doce virgem dos meus sonhos,
Visão dourada dum cismar tão puro,
Que sorrias por noites de vigília
entre as rosas gentis do meu futuro.
Tu m’inspiraste, oh musa do silêncio,
Mimosa flor da lânguida saudade!
Por ti correu meu estro ardente e louco
Nos verdores febris da mocidade.
Tu, que foste a vestal dos sonhos d’ouro,
O anjo-tutelar dos meus anelos,
estende sobre mim as asas brancas…
Desenrola os anéis dos teus cabelos!
ABReU, Casimiro de. Obras.
Rio de Janeiro: MeC, 1955, p. 49-50.
Vocabulário:
estro = imaginação criadora
vestal = mulher casta ou virgem
anelo = desejo ardente
Analisando os aspectos estruturais do texto, é possível identificar as seguintes características formais:
A) A presença de versos brancos e de versos livres.
B) A simetria das estrofes e o ritmo de seus versos.
C) O uso da rendondilha maior e a forma fixa de soneto.
D) O emprego de rimas emparelhadas e da ordem inversa.
Questão 08. (UFPR–2006) O poema que se segue integra o volume intitulado Muitas vozes, publicado por Ferreira Gullar no ano de 1999.
Ouvindo apenas
e gato e passarinho
e gato
e passarinho (na manhã
veloz
e azul
de ventania e ar
vores
voando)
e cão
latindo e gato e passarinho (só
rumores
de cão
e gato
e passarinho
ouço
deitado
no quarto
às dez da manhã
de um novembro
no Brasil)
Acerca do poema reproduzido, considere as seguintes afirmativas:
I. No plano da linguagem poética, pelo menos um dos procedimentos empregados pelo autor em Muitas vozes encontra-se exemplificado em “Ouvindo apenas”: o texto espacializado (a linguagem de base visual).
II. O sujeito lírico de “Ouvindo apenas” mantém-se desligado do mundo objetivo, mostrando-se insensível a estímulos físicos.
III. O emprego de quadras e tercetos isométricos associa “Ouvindo apenas” ao modelo estrutural do soneto.
IV. O poema justapõe dois registros da realidade: fora dos parênteses, os elementos da realidade são relacionados de forma objetiva; dentro dos parênteses, fica evidenciada a atuação do componente subjetivo.
V. embora use recursos do fazer poético concretista, Ferreira Gullar harmoniza a ousadia formal com a representação da emoção.
Assinale a alternativa CORRETA.
A) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
B) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
D) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
E) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
Questão 09 sobre Elementos da Poesia: (FJP-MG–2010) Leia com atenção o trecho a seguir, retirado de Cobra Norato e outros poemas, de Raul Bopp.
XVIII
Vou me estirar neste paturá
para ouvir barulhos de beira de mato
e sentir a noite toda habitada de estrelas
Quem sabe se uma delas
com seus fios de prata
viu o rasto luminoso da filha da rainha Luzia?
Dissolvem-se rumores distantes
num fundo de floresta anônima
Sinto bater em cadência
a pulsação da terra
Silêncios imensos se respondem…
Sobre o texto, é INCORRETO afirmar que
A) pertence ao poema intitulado Cobra Norato.
B) se refere à dinastia europeia no Brasil.
C) provoca sensações sonoras e visuais.
D) é formado por versos livres e brancos.
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Gabarito com as respostas dos exercícios de Língua Portuguesa sobre Elementos da Poesia:
Resposta do exercício 01. C;
Resposta do exercício 02. D;
Resposta do exercício 03. B;
Resposta do exercício 04. D;
Resposta do exercício 05. D;
Resposta do exercício 06. D;
Resposta do exercício 07. B;
Resposta do exercício 08. B;
Resposta do exercício 09. B;
Doutorando em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Mestre em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Biologia e Química – FAEL
Licenciado em Ciências Biologias – IFMT/Campus Juína