10 Exercícios de Literatura sobre o Modernismo Hoje

Questão 01 sobre  o Modernismo Hoje (Unicamp).

Leia:
Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem estar que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via.
Ele era fixo, eu, o que vou.
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.
Álvaro de Campos

a) Identifique duas marcas formais que, no poema, contribuem para criar a ideia de monotonia.
b) Do ponto de vista do “eu lírico”, que fato quebra essa monotonia?
c) Qual a consequência, para o “eu lírico”, da quebra dessa monotonia? Justifique sua resposta.

Atente: “Epitáfio de Bartolomeu Dias”

Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.


Questão 02. (Fuvest) Mensagem (1934), de Fernando Pessoa, é uma obra dividida em três partes: Brazão, Mar Portuguêz e O Encoberto.

a) A que parte da obra pertence o poema transcrito?
b) Que dados do poema permitem enquadrá-lo nessa parte?


Questão 03 sobre  o Modernismo Hoje: (Fuvest) Leia os dois textos:

1. Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

2. Mestre de Paz, ergue teu gládio ungido;
Excalibur do Fim em jeito tal
Que sua luz ao mundo dividido
Revele o Santo Gral.

Os dois textos de Fernando Pessoa pertencem à mesma obra e fazem referência à mesma personagem histórica de Portugal cujo mito, como se vê, o poeta associa à figura lendária do rei Artur. Assinalar a alternativa em que, ao título da obra, segue-se o da personagem histórica que virou mito e alimentou o sonho do “Quinto Império”:

a) Cancioneiro – D. Dinis.
b) Mensagem – D. Sebastião.
c) O guardador de rebanhos – Pe. Vieira.
d) Cancioneiro – D. João I, o mestre de Avis.
e) Mensagem – D. Dinis.


Questão 04. (Mack) Em uma das fases da obra de Álvaro de Campos é possível encontrar

a) a crença de que o homem complicou demais a sua relação com o mundo por causa da metafísica, das teorias filosófico científicas e das religiões.

b) uma poesia de inspiração clássica, acreditando que a vida se resume a breves momentos.

c) a temática futurista, ressaltando as fábricas, os estaleiros, as máquinas e a velocidade.

d) a poesia saudosista-nacionalista, retomando a formação de Portugal e sua identificação com o mar.

e) a ideia de que o mundo se baseia no real-sensível, isto é, em tudo aquilo que existe e se percebe através dos sentidos.


Leia:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela
[minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre
pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Fernando Pessoa

Questão 05 sobre  o Modernismo Hoje: (Faap) O autor escreveu usando, além do próprio nome, os heterônimos:

ALBERTO CAEIRO é rude, simples, humilde, expansivo, satisfeito com o mundo, dando muito valor às coisas concretas: árvores, campos, casas, vales. Nada tem de filosófico ou metafísico.

RICARDO REIS retoma o período greco-romano, é o poeta da temática clássica.

ÁLVARO DE CAMPOS é o poeta da temática futura, “poeta sensacionalista e escandaloso”.

ELE MESMO-Lírico tem uma temática introspectiva, exprimindo suave musicalidade e questionando – às vezes de maneira metalinguística – os mistérios da vida.

ELE MESMO-Épico exalta a História de Portugal, com tom sebastianista e fragmentado, no livro Mensagem.

Então esse poema tem a assinatura de:
a) Alberto Caeiro.
b) Ricardo Reis.
c) Álvaro de Campos.
d) Fernando Pessoa (ele mesmo – lírico).
e) Fernando Pessoa (ele mesmo – épico).


Questão 06. (Faap) Releia a segunda estrofe. Ela enfatiza:

a) o comércio do Tejo.
b) a imponência geográfica do rio Tejo.
c) a extensão do Tejo.
d) a tradição histórica do rio Tejo.
e) a ignorância de quem não conhece o Tejo.


Questão 07 sobre  o Modernismo Hoje: (Faap) Assinale a única série em que as palavras não possam ser sugeridas pelo termo NAUS:

a) África – Vasco da Gama – Atlântico.
b) América – caravelas – Lusíadas.
c) Índias – Cabral – Adamastor.
d) Ásia – Camões – especiarias.
e) Brasília – Bandeirantes – esmeraldas.


Leia:
Ó mar salgado, quanto de teu sal
São lágrimas de Portugal!
(…)
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Questão 08 sobre  o Modernismo Hoje: Com relação ao poema, marque a correta.

a) Pertence ao Cancioneiro geral de Garcia de Resende, onde se encontra a produção poética do Humanismo português.

b) É uma oitava-rima de Os lusíadas, de Luís de Camões, obra que glorifica o povo português e seus extraordinários feitos marítimos.

c) Faz parte do livro Mensagem, de Fernando Pessoa, que, com tom sebastianista, refere-se às grandes navegações e à recuperação do passado mítico português.

d) É um trecho de Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, narrativa romântica que registra fatos históricos da guerra civil portuguesa.

e) De um quarteto de um soneto de Barbosa du Bocage, pois evidencia os aspectos pré-românticos, como o individualismo e o exagero.


Leia:
Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem…
Por que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza.

Questão 09. (Fuvest) Pela leitura, percebe-se o “realismo sensorial” característico de um dos heterônimos de Fernando Pessoa.

a) Identifique o heterônimo;
b) Destaque do texto um exemplo de “realismo sensorial”.


Questão 10 sobre  o Modernismo Hoje: (Fuvest)
a) Qual a opinião do poeta em relação ao piano?
b) Que simboliza o piano no poema?


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Gabarito com as respostas das questões de Literatura sobre o Modernismo Hoje:

01. a. Os índices da monotonia e do tédio de Álvaro de Campos são: o refrão do poema, isto é, a repetição do verso final de cada estrofe; a estrutura regular das estrofes em quadras; o fato do “eu lírico” ver todos os dias o “Alves”.

b. A morte do “Alves”, o “dono da tabacaria”.

c. Para o “eu lírico”, a morte do “Alves” desperta a transitoriedade da vida (“Ele era fixo, eu, o que vou”. e da solidão e insignificância do homem moderno (“Se morrer, não falto…”..

02. a. “Mar Portuguêz”;

b. No “Brazão”, o poeta narra os episódios épicos da História de Portugal, atribuindo a cada detalhe do brasão português um acontecimento e / ou um herói. Em “Mar Portuguez”, enfoca a história épico-lírica das grandes navegações, destacando os acontecimentos das conquistas e seus respectivos heróis (como Bartolomeu Dias, que dobrou o cabo das Tormentas.. Na última parte, “O Encoberto”, trata do regresso – tão esperado pelos portugueses – do rei D. Sebastião, o encoberto.

03. b;
04. c;
05. a;
06. d;
07. e;
08. c

09. a. O heterônimo é o camponês Alberto Caeiro.

b. O verso “o melhor é ter ouvidos” revela o “realismo sensorial” do poeta, pois Alberto Caeiro capta a realidade através dos sentidos.

10. a. Por mais “agradável” que seja, o som do piano não é natural como o “correr” dos rios ou o “murmúrio” das árvores.

b. O piano representa o artificial, que, para o poeta-camponês, vivendo em íntimo contato com a Natureza, torna-se perfeitamente dispensável.

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