Questão 01 sobre Realismo e Naturalismo: (Enem–2001) O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
Um dia começou a Guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.
ASSIS, Machado de. Crônica sobre a morte do escravo João, 1897.
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.
B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.
E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.
Questão 02. (Enem–2001) No trecho a seguir, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época:
o Romantismo.
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o
rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:
A) […] o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas […]
B) […] era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça […]
C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, […]
D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos […]
E) […] o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
Instrução: Textos para a questão 03
Texto I
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente, uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos.
O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; viase-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas das mãos. As portas das latrinas não descansavam […]
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Martins, 1968. p. 43.
Texto II
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio de um passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.
HOLLANDA, Chico Buarque de. “Construção” . Disponível em: <http://www.chicobuarque.com.br>. Acesso em: 21 ago. 2010 (fragmento).
Questão 03 sobre Realismo e Naturalismo: O texto naturalista de Aluísio Azevedo e o poema-canção de Chico Buarque fazem um retrato da vida proletária. Ambos apresentam como característica comum:
A) a visão determinista.
B) a ênfase no mundo interior das personagens.
C) a linguagem objetiva e descritiva.
D) a desumanização das personagens.
E) a evasão.
Questão 04. O Humanitismo, filosofia criada por Quincas Borba, é revelador:
A) do posicionamento crítico de Machado de Assis aos muitos “ismos” surgidos no século XIX: darwinismo, positivismo, evolucionismo.
B) da admiração de Machado de Assis pelos muitos “ismos” surgidos no início do século XX: futurismo, impressionismo, dadaísmo.
C) da capacidade de Machado de Assis em antever os muitos “ismos” que surgiriam no século XIX: darwinismo, positivismo, evolucionismo.
D) da preocupação didática de Machado de Assis com a transmissão de conhecimentos filosóficos consolidados na época.
E) da competência de Machado de Assis em antecipar a estética surrealista surgida no século XX.
(FUVEST-SP–2009) Instrução: Texto para as questões 05 e 06
Assim se explicam a minha estada debaixo da janela de Capitu e a passagem de um cavaleiro, um dandy, como então dizíamos. Montava um belo cavalo alazão, firme na sela, rédea na mão esquerda, a direita à cinta, botas de verniz, figura e postura esbeltas: a cara não me era desconhecida. Tinham passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas namoradas.
Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê Alencar: “Porque um estudante (dizia um dos seus personagens de teatro de 1858) não pode estar sem estas duas coisas, um cavalo e uma namorada”. Relê Álvares de Azevedo. Uma das suas poesias é destinada a contar (1851) que residia em Catumbi, e, para ver a namorada no Catete, alugara um cavalo por três mil-reis…
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.
Questão 05 sobre Realismo e Naturalismo: Com a frase “como então dizíamos”, o narrador tem por objetivo, principalmente:
A) comentar um uso linguístico de época anterior ao presente da narração.
B) criticar o uso de um estrangeirismo que caíra em desuso.
C) marcar o uso da primeira pessoa do plural.
D) registrar a passagem do cavaleiro diante da janela de Capitu.
E) condenar o modo como se falava no passado.
Questão 06 sobre Realismo e Naturalismo: Considerando-se o excerto no contexto da obra a que pertence, pode-se afirmar CORRETAMENTE que as referências a Alencar e a Álvares de Azevedo revelam que, em Dom Casmurro, Machado de Assis:
A) expôs, embora tardiamente, o seu nacionalismo literário e sua consequente recusa de leituras estrangeiras.
B) negou ao Romantismo a capacidade de referir-se à realidade, tendo em vista o hábito romântico de tudo idealizar e exagerar.
C) recusou, finalmente, o Realismo, para começar o retorno às tradições românticas que irá caracterizar seus últimos romances.
D) declarou que o passado não tem relação com o presente e que, portanto, os escritores de outras épocas não mais merecem ser lidos.
E) utilizou, como em outras obras suas, elementos do legado de seus predecessores locais, alterando-lhes, entretanto, contexto e significado.
Questão 07. (ITA-SP) Leia o seguinte texto:
– Toma outra xícara, meia xícara só.
– E papai?
– Eu mando vir mais; anda, bebe!
Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xícara, tão trêmulo que quase a entornei, mas disposto a fazê-la cair pela goela abaixo, caso o sabor lhe repugnasse, ou a temperatura, porque o café estava frio… Mas não sei que senti que me fez recuar. Pus a xícara em cima da mesa, e dei por mim a beijar doidamente a cabeça do menino.
– Papai! papai! exclamava Ezequiel.
– Não, não, eu não sou teu pai!
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 27 ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 173.
A cena criada por Machado de Assis está relacionada à(ao):
A) abuso de autoridade paterna.
B) excesso de carinho paterno.
C) reflexo de conflito interior.
D) violenta rejeição à criança.
E) cuidado com a alimentação da criança.
Questão 08 sobre Realismo e Naturalismo: (PUC-SP–2006) “Este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem […]”
Esse trecho integra o capítulo “O senão do livro”, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Dele e do livro como um todo, é POSSÍVEL depreender que:
A) marca-se pela função metalinguística, já que o narrador-autor reflete sobre o próprio ato de escrever e analisa criticamente seu estilo irregular e vagaroso.
B) afirma que o livro “cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica”, porque foi escrito do além, é uma obra de finado e trata apenas de fatos da eternidade.
C) é um capítulo desnecessário e o próprio narrador pensa em suprimi-lo por causa do despropósito que contém em suas últimas linhas e porque viola a estrutura linear dessa narrativa.
D) foge do estilo geral do autor, uma vez que interrompe o fio da narrativa com inserções reflexivas.
E) julga o leitor, com quem excepcionalmente dialoga, o grande defeito do livro, já que o desconsidera ao longo do romance.
Questão 09. (FUVEST-SP–2010)
[José Dias] Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.
No texto, o narrador diz que José Dias “sabia opinar obedecendo”. Considerada no contexto da obra, essa característica da personagem é motivada, principalmente, pelo fato de José Dias ser:
A) um homem culto, porém autodidata.
B) homeopata, mas usuário da alopatia.
C) uma pessoa de opiniões inflexíveis, mas também um homem naturalmente cortês.
D) um homem livre, mas dependente da família proprietária.
E) católico praticante e devoto, porém perverso.
Questão 10 sobre Realismo e Naturalismo: (UFTM-MG–2007)
Foi mistério e segredo
e muito mais
foi divino o brinquedo
e muito mais
se amar como dois animais
Era um cão vagabundo
e uma onça pintada
se amando na praça
como os animais.
Alceu Valença
Ambos os trechos têm em comum com o Naturalismo:
A) uma concepção psicológica do homem.
B) uma concepção biológica do mundo.
C) uma concepção idealista do homem.
D) uma concepção religiosa da vida.
E) uma visão sentimental da natureza.
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Gabarito com as respostas do simulado de Língua Portuguesa sobre Realismo e Naturalismo:
Gabarito do exercício 01. D;
Gabarito do exercício 02. A;
Gabarito do exercício 03. D;
Gabarito do exercício 04. A;
Gabarito do exercício 05. A;
Gabarito do exercício 06. E;
Gabarito do exercício 07. C;
Gabarito do exercício 08. A;
Gabarito do exercício 09. D;
Gabarito do exercício 10. B
Doutorando em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Mestre em Genética e Biologia Molecular – UESC-BA
Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Biologia e Química – FAEL
Licenciado em Ciências Biologias – IFMT/Campus Juína